Uma proposta de alimentação para AUTISTAS, ALÉRGICOS e CELÍACOS

segunda-feira, 12 de agosto de 2013



O mercado de alimentos no Brasil ainda é carente de produtos que atendam os alérgicos, autistas, celíacos. Tais nichos mostram um crescimento expressivo o qual busca alternativas em receitas caseiras e misturas de produtos já prontos, onde muitos deles mostram-se de difícil acesso. Acompanhe essa história e entenda como o alimento ingerido está intimamente ligado à resposta terapêutica:


Relato de uma mãe:

Através da internet a partir do ano de 2006, descobri que uma dieta sem glúten e sem caseína poderia ajudar a melhorar a qualidade de vida de meu filho, Mauricio, que tem autismo.
A princípio relutei bastante, afinal de contas, não conseguia fazer dieta comigo, que dirá com um adolescente autista!
Mas as minhas pesquisas me convenceram que deveria tentar.
Já ouvi muitas vezes profissionais falando que todo autista com o passar dos anos e com as terapias, tem a sua condição de autismo atenuada e melhorada.
Isto não aconteceu com meu filho, muito pelo contrário, sua condição foi se agravando. Seu autismo foi ficando cada vez mais acentuado e aos 15 anos era um adolescente que não lembrava em nada a criança sapeca e feliz que foi até os 5 anos.

Sinceramente eu não sei como estaríamos se não tivesse decidido mudar tudo há 3 anos atrás.
Gradativamente e cumulativamente meu filho tem adquirido ganhos.
Os mais significativos são os conseguidos na área da comunicação e do interesse.
Sua fala voltou após 10 anos de quase absoluto mutismo e continuamos tendo avanços contínuos e algumas vezes surpreendentes.
Surgiu o interesse em aprender, em desenvolver atividades que lhe são propostas, em participar e estar junto.

Muita gente me pergunta como eu começei, o que eu fiz, como eu fiz, quais exames ele fez ...
Gente, eu simplesmente começei, com a cara e a coragem e com um pouco do que tinha aprendido para poder iniciar e seguir adiante. Sem exame nenhum (não há necessidade imediata) e com 6 meses de investigações iniciais para saber como agir, como fazer as trocas de alimentos e com o que trocar, onde comprar. 
Passei por muitas dificuldades que foram superadas com persistência e determinação de estar doando o melhor de mim para tentar ajudar meu filho.
Tem valido muito a pena!!

Para tentar ajudar quem quer começar e simplificar mais a busca de vocês, além do meu livro, tem uma apostila, um guia prático e rápido que pode ser acessado através deste link:

http://autismoemfoco.googlepages.com/p_q_fazer_dieta.pdf



Para ajudar com a dieta na escola, onde muitas crianças passam grande parte do seu tempo diariamente, criamos esta cartilha: 

http://www.riosemgluten.com/Crianca_autista_em_dieta_sgsc_indo_para_escola.pdf



Perguntas e respostas da mãe em sua vivência com o filho:



 Claudia Marcelino é mãe de um adolescente autista, dona do blog Sem Glúten e Sem Leite e autora do livro AUTISMO ESPERANÇA PELA NUTRIÇÃO que acaba de ser lançado.



Claudia, no teu blog tu colocastes 3 videos do Mauricio para mostrar o comportamento dele antes da dieta sem glúten e sem caseina, llogo após o início da dieta e após quase dois anos de dieta. Foi difícil iniciar a dieta? Houve rejeição por parte do seu filho em relação a comida?

Eu fiquei uns 5 meses mudando a dieta dele aos poucos, substituindo o leite, retirando uns alimentos, oferecendo outras opções. Depois desse tempo, na virada de 2006 para 2007 a dieta passou a ser radical, sem nada de glúten e leite, mas também sem corantes, glutamato monossódico, aspartame já não consumia mesmo e quase um ano sem açúcar. Não houve rejeição alguma por parte dele. As vezes ele não aceitava e ainda não aceita por não estar a fim ou não ter gostado da opção oferecida, isso é normal.
O que acontecia é que as vezes ele abria todas as portas dos armários e ficava olhando desolado (risos). Muitas vezes não tinha nenhuma guloseima, nenhuma besteirinha para aquelas horas que batia uma vontade de comer algo diferente porque estas comidinhas são caras e não dava para ter sempre, além das opções existentes no mercado serem bem fraquinhas. Foi então que resolvi procurar e desenvolver receitas para ajudá-lo.

Quatro anos atrás, quando tu introduzistes a dieta sem glúten e sem caseina no seu filho Mauricio, qual era o entendimento dos médicos a respeito disso e qual é o entendimento hoje? 

No geral o entendimento da classe médica ainda é zero, impressionante! (risos) Ainda estão esperando comprovação científica com grupo controle e testes placebo para se posicionarem e isto talvez nunca aconteça pelo simples fato de que não consumimos pílulas! Sabemos exatamente o que estamos comendo e a comida sem glúten por mais gostosa que seja, é diferente da comida com glúten, não dá pra comer enganado ou disfarçado. Não dá pro grupo de controle não saber se está consumindo o que deve ou o placebo. Além do mais, todos os testes com grupos de controle e placebo demandam pouco tempo para exibir o resultado da pesquisa, cerca de um mês. Pra medir o resultado da dieta é necessário um mínimo de 8 meses. Fica inviável financeiramente e quem banca pesquisa científica não produz comida e sim, pílulas!
Todos os princípios justificáveis para a utilização de uma dieta específica para autistas estão em livros de biologia, fisiologia, imunologia, biologia molecular. É saber que tipos de problemas pacientes autistas costumam apresentar, saber os exames que devem ser feitos, pegar o resultado das pesquisas clínicas e estudar como aplicar e direcionar para cada caso.
Felizmente os grupos de discussão e ajuda para pais estão crescendo, os congressos estão acontecendo, as boas informações estão mais accessíveis e os pais estão mais exigentes. Isto tudo faz com que médicos que buscam respostas e não se enquadram num sistema, busquem caminhos que estão sendo sinalizados e aos poucos, mais médicos indiquem uma dieta específica.


Quais são os benefícios da dieta sem glúten para os autistas?

Todos os benefícios estão escritos no meu livro. No geral ocorre uma amenização nos sintomas autísticos permitindo maiores condições de desenvolvimento e aprendizado.


Tu poderias fazer um parâmetro de comportamento do teu filho antes e depois da dieta? 

Ele voltou a vida, a ter alegria de viver. Seu olhar foi a primeira coisa que mudou. Voltou aquele olhar de vivacidade, com brilho e sagacidade que eu tanto me orgulhava. Meu filho estava conectado novamente. Depois disso voltou a fala que tem melhorado a cada dia com respostas e comentários próprios. Apareceu o interesse pelas coisas e pessoas ao seu redor, a vontade de aprender. Os comportamentos únicos, barulhentos e bruscos continuam, mas esse é meu filho. O importante é que estamos conseguindo avançar e finalmente contabilizar vitórias, coisa que não acontecia, estávamos apenas levando a vida porque nos prepararam só para isso.


Quanto tempo levou para tu perceberes essa mudança de comportamento? 

O retorno do olhar reluzente foi rápido, coisa de menos de 6 meses. O surgimento do interesse em aprender, em estar com as pessoas e a volta da fala em cerca de um ano. Mas o boom no desenvolvimento de uma forma geral cerca de dois anos e meio após o início da dieta e tratamento homeopático. Isto porque começamos já bem tarde, aos 16 anos, quando já tínhamos perdido muita coisa e com muitos comportamentos estabelecidos por anos.
Por isso é aconselhável um tratamento quanto mais cedo e precoce melhor. As consequências das disfunções cerebrais são menores e as possibilidades de ganhos muito maiores.

Mas isto não é considerado muito tempo para creditar os resultados a dieta?

Não, não é. O nosso caso é muito claro e importante para servir como exemplo. Maurício após o diagnóstico de autismo e tratamento considerado adequado para o caso por 10 anos, ao invés de evoluir, foi adquirindo cada vez mais sintomas graves de autismo. As crianças com autismo não evoluem e adquirem habilidades naturalmente como qualquer criança típica. É necessário um tratamento global bastante comprometido com as necessidades individuais de cada uma.

Logo após os 5 anos, ele perdeu imediatamente a fala, o bom contato visual, a tolerância sensorial e teve um enorme aumento de hiperatividade. Daí aos poucos foram somando-se:

- Considerável perda de noção do perigo como correr alucinadamente pela rua sem parar, olhar ou atender a chamados e passando por trânsito de carros, coisa que antes não acontecia;
- Não conseguia mais ficar parado nem por 3 minutos, tendo que permanecer em movimento constante;
- Começou a se auto agredir com mordidas, puxões de cabelo chegando a ficar com falhas no couro cabeludo, arranhões e beliscões;
- Começou a ter espasmos musculares voluntários, como se fossem descargas de energia que movimentavam os músculos alucinadamente dos pés a cabeça e com movimentos faciais muito característicos;
- Começou a emitir mantras (sons uníssonos e contínuos) em alta intensidade e com longas durações de tempo, seguidos de gritos;
- E já com 15 anos, perdeu ainda mais o contato ocular, ficando com uma feição muito triste e começou a babar involuntariamente e sem motivo aparente.

Todos estes comportamentos foram chegando de mansinho e se instalando, um após o outro. O quadro dele quando iniciei a dieta era esse. Neste caso os ganhos não foram naturais e obviamente não passariam a ser se não fossem tomadas mudanças radicais no seu tratamento. Em 10 anos não houve o desenvolvimento que estamos presenciando em 3 anos. Uma criança com autismo só se desenvolve adequadamente sem adquirir este tipo de comportamento lesivo se estiver recebendo um tratamento adequado para o seu caso.



Todos na tua família seguem a dieta SGSC ou somente o Mauricio? 

Eu sigo a dieta religiosamente com ele a cerca de um ano. Só consumo alguma coisa fora da dieta quando estou fora de casa e sem ele, o que é difícil porque estamos sempre juntos. Como tudo que faço em casa é seguindo a dieta dele, meu marido e minha filha consomem a mesma comida, mas não são rígidos.


Quais os grandes desafios que tu enfrentas hoje em relação a dieta sem glúten e autismo?

Ainda é as outras pessoas da família entenderem que ele não pode consumir estes alimentos livremente, apesar de terem melhorado bastante e sempre me perguntarem se ele pode ou não.


Nas tuas receitas tu usas CMC para substituir a goma xantana. Tu poderias explicar como é usado o CMC nas receitas? Posso substituir goma xantana por CMC no equivalente 1:1?

O CMC é equivalente a goma xantana, ambos produzem o mesmo efeito ligante e espessante que imita o glúten e é necessário nos produtos sem glúten para ter resultados mais satisfatórios e parecidos com os “produtos normais”. Utilizo na mesma proporção com o mesmo resultado.


Tu poderias falar um pouco sobre o teu livro AUTISMO ESPERANÇA PELA NUTRIÇÃO que acaba de ser lançado?

Meu livro é um guia prático para pais e profissionais, abordando todas as explicações médicas para se levar em conta uma dieta adequada para autistas, como iniciá-la e mantê-la com cerca de 150 receitas para todas as ocasiões, onde facilmente a mãe e o médico ou nutricionista irão conseguir montar um cardápio adequado a cada criança, visando as suas preferências alimentares e necessidades nutricionais.
Como tem uma grande variedade de receitas e muitas delas substitutas de alimentos comuns comuns pudins, brigadeirão, massas, pizzas, musses, pães, biscoitos …. é uma excelente opção também para celíacos, alérgicos e intolerantes a glúten, trigo, lactose, proteína do leite, soja, corantes e químicos.


Onde podemos comprar o teu livro?
Meu livro está sendo vendido nas livrarias Saraivas e Nobels. Se não encontrá-lo, pode ser encomendado nestas livrarias.
Também pode ser comprado pelos sites da Saraiva, da Americanas, do Submarino e da editora.

http://www.saraiva.com.br/

http://www.americanas.com/ 

http://www.submarino.com.br/ 

http://www.mbooks.com.br/ 



Como tu percebes o entendimento e a reação da sociedade em relação ao Autismo? 
Na rua eu estou sempre alerta aos movimentos do meu filho e das outras pessoas tentando prever o que pode acontecer. Nós encontramos de tudo: gente hostil e gente solidária. Encontro pessoas maravilhosas quando menos espero, é nessas que procuro me concentrar.
Os hostis acham que nossas crianças quando pequenas, são mal educadas, quando grandes, são incômodas e perigosas.


Como tu gostarias que a sociedade olhasse para os autistas? 

Com mais tolerância e amor. O autismo é uma situação que pode acontecer com todos, em qualquer família. E o mínimo que a sociedade pode oferecer é uma maior compreensão com as diferenças entre os seres humanos.


Através das reações do seu filho, tu achas que ele tem conhecimento das próprias limitações?

Sim Leila, acredito que ele tem total consciência das suas limitações. Sua conexão de pensamentos e raciocínio é muito boa.


Há alguns anos atras dizia-se que o câncer não tinha cura. Hoje sabemos que muitos casos de câncer tem cura. Na tua opinião, o mesmo pode acontecer com o autismo?

A comunidade de pais e médicos que lidam com o autismo não fala em cura e sim em recuperação. Há cerca de um ano saiu uma pesquisa apontando que cerca de 20% das crianças com intervenção precoce estão se recuperando e levando uma vida compatível com as crianças típicas da mesma idade. Mesmo que permaneça um funcionamento cerebral atípico, já é possível que estas pessoas vivam sem a necessidade de cuidados especiais, atingindo uma vida plena socialmente com estudos, amigos, trabalho e vida amorosa, inclusive sem nenhum resquício dos sintomas autísticos.



(Fonte:http://dietasgsc.blogspot.com.br - em Agosto,2013.)



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