Dieta proteica para adultos

domingo, 1 de julho de 2012
A comunidade científica ligada à nutrição e nutrologia vêm discutindo os mecanismos pelos quais a dieta com maior proporção de proteína aumenta a redução de peso em relação à dieta convencional; contudo, ainda não está bem elucidado um caminho comum. Uma das hipóteses está relacionada ao maior efeito da proteína na saciedade, quando comparado ao do carboidrato. Sabe-se que a saciedade é regulada pela complexa interação de mecanismos fisiológicos, psicológicos e comportamentais. A avaliação da saciedade está ligada tanto a digestibilidade proteica  - pelo tempo de sua duração -  quanto pela prioridade do metabolismo na queima das calorias advindas dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas. A prioridade metabólica na queima de calorias foi relatada em diversos estudos e comprovada sobre o fato de que a ingestão energética foi igual para os indivíduos que realizaram as dietas com maior ou menor proporção de proteína. Quando a avaliação é feita sobre a ingestão proteica, mesmo utilizando quantidades consideráveis de calorias, percebe-se um saldo positivo.
De acordo com estudo publicado no Journal of Nutrition, 25/08/05 :"Existe um efeito cumulativo, interativo, quando uma dieta rica em proteína é combinada com o exercício. Os dois trabalham em conjunto para corrigir a composição do organismo; o paciente perde mais peso, sob a forma de gordura e não massa muscular", disse Donald Lauman, professor de ciência do alimento e nutrição humana da Universidade de Illinois "A proteína extra reduz a perda muscular enquanto que o componente pobre em carboidrato fornece pouca insulina, permitindo a queima de gordura", disse o pesquisador."Se você usar proteínas de alta qualidade, você pode melhorar a qualidade total de sua dieta enquanto perde peso", disse Lauman.
Segundo diretrizes da ABESO, que conta hoje com cerca de 500 associados espalhados por todo o país (onde estão reunidas diversas categorias profissionais envolvidas com o tratamento da obesidade, da síndrome metabólica e dos transtornos alimentares) o consumo de uma dieta rica em proteínas é recomendado, pois as proteínas são os macronutrientes mais sacietógenos, ao contrário das gorduras que são altamente energéticas (9Kcal/g) e são macronutrientes bem menos sacietógenos.
Há um consenso observado em um número significativo de estudos : a dieta com maior proporção de proteína aumenta a perda de peso e de gordura corporal e diminui a perda de massa corporal magra durante o emagrecimento. Em outras palavras : proteína é necessário,também, para um resultado de magreza sem flacidez.




Recomendações


A ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) dispõe:


 Severa deficiência de proteínas na dieta, associada a um déficit energético, resulta no quadro classificado como marasmo (desnutrição proteico-calórica do tipo seco). Esta condição é causada pela fome por escassez de alimentos. Kwashiorkor resulta da deficiência qualitativa e quantitativa da ingestão de proteínas (dieta pobre), caracterizado por edema (por isso conhecido como desnutrição úmida), lesões de pele e alterações da pigmentação capilar. Deficiências menos graves, devido ao baixo consumo ou a um desequilíbrio do consumo de aminoácidos essenciais, podem resultar em redução do crescimento em crianças ou perda da massa corporal magra em adultos. Estes podem levar a uma maior suscetibilidade a doenças e seus problemas subseqüentes.


A DRI (Ingestão Dietética de Referência) atual de proteínas para adultos é de 0.8 g/kg de peso corporal /d com um extra de 10 ou 15 g recomendado para mulheres grávidas e lactantes, respectivamente. Os requerimentos são também maiores em crianças em crescimento e em alguns estados patológicos. Nos Estados Unidos, a ingestão média é de aproximadamente 64 e 104 g para mulheres e homens adultos respectivamente, ou aproximadamente 15% do aporte calórico total da dieta. Deficiência de proteínas é relativamente rara em adultos jovens que consomem uma dieta regular. Estudos recentes, no entanto, indicam que nos EUA, 20% de idosos sem acompanhamento nutricional podem não ter uma ingestão adequada de um ou mais de aminoácidos essenciais.   


Hábitos alimentares condicionados


Com os índices brasileiros crescentes de doenças crônicas e transtornos ligados à ansiedade, os consultórios são preenchidos por pessoas com problemas gástricos e síndromes relacionadas com a reposição da serotonina (envolvida com a liberação de alguns hormônios e com a sensação de "satisfação") tais condições clínicas estão diretamente ligadas ao consumo de carboidratos, pois são de mais fácil digestão e fornecem de forma rápida e fácil grandes quantidades de açúcar. Essa ingestão, eleva a produção de insulina (salvo algumas etapas) que por sua vez aumenta o nível de serotonina no cérebro!  
Então, essas pessoas entram em um ciclo condicionado de consumo de carboidratos e suas preferências tornam-se (sobretudo as mulheres): pão, arroz, macarrão, chocolates, bolos, roscas e biscoitos. Assim sendo, as proteínas (tão fundamentais para a construção de enzimas, hormônios, neurotransmissores e nucleotídeos) são deixadas de lado.
Relembrando o antigo "segundo grau" escolar: a informação genética é expressa como proteínas! Sim, elas estão no cerne de estruturas essenciais à origem, desenvolvimento e manutenção do corpo humano.


Final Feliz?


A proteína é essencial à continuação da espécie e atua como ator principal (e mocinho) de uma novela dramática na qual o carboidrato agindo sem a sua presença (sem associação de proteína mais carboidrato) pode transformar todas as atrizes em personagens de farta massa gorda, com problemas de pele, unha e queda de cabelos, porque não fabricaram hormônios em níveis satisfatórios e/ou não tinham disponíveis enzimas para concluírem a fabricação das fibras de colágeno e das fibras capilares...
Será que o ibope desse "drama" seria mantido até o final?




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Importante: qualquer dieta rica em proteínas deve ser acompanhada de um aumento na ingestão de água. Ingestão diária recomendada = 3,7 L/dia para homens e 2,7 L/dia para mulheres. 
Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Water, Potassium, Sodium, Chloride, and Sulfate. Washington,DC:National Academy Press, 2004.


Fonte:

1-Bloomstrand E, Hassmen P, Newsholme E (1991). Effect of branch-chain amino acid supplementation on mental performance. Acta Physiologica Scandinavica 143, 225-6. 
2-Kreider RB, Miriel V, Bertun E (1993). Amino acid supplementation and exercise performance: proposed ergogenic value.  Sports Medicine 16, 190-209.
3-P. J. Atherton,K. Smith(2012).Muscle protein synthesis in response to nutrition and exercise.J. Physiol. March 1, 2012 590:(5) 1049-1057.
4-Varnier M, Leese GP, Thompson J et al (1995). Stimulatory effect of glutamine on glycogen accumulation in human skeletal muscle. American Journal of Physiology 269, E309‑15.
5-Kraemer, W. J., J. S. Volek, et al. (1998). "Hormonal Responses to Consecutive Days of Heavy‐Resistance
Exe       Exercise  With or Without Nutitional Supplementation." The American Physiological Society:1544‐1555.

6-Roy BD, Tarnopolsky MA (1998).  Influence of differing macronutrient intakes on muscle glycogen resynthesis after resistance exercise. Journal of Applied Physiology 84, 890-96.
7-Tarnopolsky MA, Bosman M, Macdonald JR et al (1997).  Post exercise protein-carbohydrate and carbohydrate supplements increase muscle glycogen in men and women. Journal of Applied Physiology 83, 1877-83.
8-Ching-Lin Wu, Ceri Nicholas, Clyde Williams et al.(2003).The influence of high-carbohydrate meals with different glycaemic indices on substrate utilisation during subsequent exercise. British Journal of Nutrition ,90,1049–1056.DOI: 10.1079/BJN20031006.
9-Marchini, J.S. et al (2001). Obese women on a low energy rice and bean diet: effects of leucine, arginine or glycine supplementation on protein turnover. Braz J Med Biol Res,  Ribeirão Preto,  v. 34,  n. 10, Oct.  2001. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2001001000007


10-DEVLIN, Thomas (2005).Textbook of Biochemistry with clinical correlations. Wiley-Liss, 6ª edição. ISBN 13 978-0-471-67808-3.pg.:73-218.

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